terça-feira, 26 de julho de 2016
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Questão de Palavras
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Anjos Desconhecidos

Anjos Desconhecidos
Há guardiães espirituais que te apóiam a existência no plano físico e há tutores da alma que te protegem a vida mesmo na Terra.
Frequentemente, centralizas a atenção nos poderosos do dia, sem ver os companheiros anônimos que te ajudam na garantia do pão. Admiras os artistas renomados que dominam nos cartazes da imprensa e esqueces facilmente os braços humildes que te auxiliam a plasmar, no santuário da própria alma, as obras-primas da esperança e da paciência. Aplaudes os heróis e tribunos que se agigantam nas praças; todavia, não te recordas daqueles que te sustentaram a infância, de modo a desfrutares as oportunidades que hoje te felicitam. Ouves, em êxtase, a biografia de vultos famosos e quase nunca te dispões a conhecer a grandeza silenciosa de muitos daqueles que te rodeiam, na intimidade doméstica, invariavelmente dispostos a te estenderem generosidade e carinho.
Homenageia, sim, os que te acenam dos pedestais que conquistaram merecidamente, à custa de inteligência e trabalho; contudo, reverencia também aqueles que talvez nada te falem e que muito fizeram e ainda fazem por ti, muitas vezes ao preço de sacrifícios pungentes.
São eles pais e mães que tem guardaram o berço, professores que te clarearam o entendimento, amigos que te guiaram à fé e irmãos que te ensinaram a confiar e servir... Vários deles jazem agora, na retaguarda, acabrunhados e encanecidos, experimentando agoniada carência de afeto ou sentindo o frio do entardecer; alguns prosseguem obscuros e devotados, no amparo às gerações que retomam a lide terrestre, enquanto outros muitos embora enrugados e padecentes, quais cireneus do caminho, carregam as cruzes dos semelhantes.
Pensa nesses anjos desconhecidos que se ocultam na armadura da carne, e, de quando em quando, unge-lhes o coração de reconhecimento e alegria. Para isso, não desejam transfigurar-se em fardos nos teus ombros. Quase sempre, esperam de ti, simplesmente, leve migalha das sobras que atiras pela janela ou uma frase de estímulo, uma prece ou uma flor.
Emmanuel/Francisco Cândido Xavier
Texto extraído do livro “Justiça Divina”, 4ª. Edição, publicado pela FEB – Federação Espírita Brasileira.
sábado, 11 de julho de 2009
"O Espírito sopra onde Quer...". 3ª. Parte
“O Espírito sopra onde quer...”.
3ª Parte
“Buscai, e achareis...” (Lc, 11:9)
Nos estudos evangélicos, como em qualquer área do conhecimento humano ou divino, não abdicaremos dos raciocínios lógicos e da “visão interior”, intuitiva, de que nos fala Emmanuel, pois a postura mental descontraída nos facilita a sintonia com o pensamento puro contido sob o invólucro da letra.
Estudar para assimilar e compreender, eis a estrada indicada pelo Espírito da Verdade, quando disse aos espíritas: “amai-vos” e ”instruí-vos”. A ignorância deliberada, e teimosamente mantida, é o pior caminho.
O nosso confrade Hermínio C. Miranda é autor de trabalho publicado em “Reformador”, do qual extraímos importante parágrafo, reproduzido no início deste artigo. Tentaremos aplicar, em seguida, neste estudo, as suas indicações, convictos, como ele, da relevância “do evangelho de Jesus e da obra monolítica de Kardec”.
Não temos a pretensão de convencer ninguém, mas como pensamos que os espíritas familiarizados com a “Revelação da Revelação” são genuínos admiradores da Codificação Kardequiana e seus maiores e mais antigos divulgadores, cremos que a solução oportuna e adequada para dirimir dúvidas suscitadas pela distorção interpretativa das palavras de Allan Kardec é buscar no Pentateuco do Espiritismo a voz autorizada do Espírito da Verdade.
Nos tempos do Cristianismo pós-apostólico surgiram escritos valiosos que a posteridade tachou impiedosamente de “apócrifos”, e com a publicação dos escritos coordenados por Roustaing foram usados preferencialmente os termos “mistificação” e “contradição”.
De nossa parte, consideramos mais adequado denomina-los “elucidação”, “ampliação”, “complementação”, porquanto pretendemos ter aprendido, no espiritismo, que as revelações são progressivas, além de sucessivas, e, ainda, que podem ocorrer, como ocorrem, contemporaneamente ou não, paralelamente em diferentes níveis, com gradatividades de interligação possível, próximas ou remotas, segundo escalas evolutivas preestabelecidas na dosagem do conhecimento que irá beneficiar as criaturas, no tempo.
Mas, vejamos em “O Livro dos Médiuns”, cap. XXVII, “Das Contradições e Mistificações”, a questão 301. Ela contém 10 perguntas, com as respectivas respostas. Examinaremos as de n.º2 a 5, começando pela 3.ª, que analisaremos em três etapas:
“Cumpre nos façamos compreensíveis. Se alguém tem uma convicção bem firmada sobre uma doutrina, ainda que falsa, necessário é lhe tiremos essa convicção, mas pouco a pouco. Por isso é que muitas vezes nos servimos de seus termos e aparentamos abundar nas suas idéias: é para que não fique de súbito ofuscado e não deixe de se instruir conosco.”
Foi assim que agiram os orientadores e instrutores da Codificação: alguns livros (“O Livro dos Espíritos”, “O que é o Espiritismo” e “O Livro dos Médiuns”) foram editados, mas não com textos definitivos, antes do lançamento de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, então incompleto e com outro título. Enquanto a Igreja romana observava os acontecimentos e analisava os livros iniciais, a sabedoria do Invisível se alicerçava na opinião pública e dava à publicidade, sete anos depois, o Evangelho à luz do Consolador. Com relativa tranqüilidade.
Pela mesma razão, e de igual maneira, o Espírito Emmanuel, com sua iluminada e operosa equipe, mediunicamente, através de Francisco Cândido Xavier, e em alguns casos também de Waldo Vieira, e em outros com a conjugação de ambos os médiuns, nos tem transmitido inúmeras obras que elucidam, ampliam e complementam o saber da Codificação de Allan Kardec, evidenciando no decurso de quase meio século, nítida gradatividade na linha dos ensinamentos, a ponto de tornar possível a observação do crescendo evolutivo nos seus ditados.
Retornemos a “O Livro dos Médiuns”, o segundo parágrafo da resposta à 3ª pergunta, questão 301, diz “Aliás, não é de bom aviso atacar bruscamente os preconceitos. Esse o melhor meio de não ser ouvido. Por essa razão é que os Espíritos muitas vezes falam no sentido da opinião dos que os ouvem: é para trazer aos poucos à verdade. Apropriam sua linguagem às pessoas, como tu mesmo o farás, se fores um orador mais ou menos hábil. Daí o não falarem a um chinês, ou a um maometano, como falarão a um francês, ou a um cristão. É que têm a certeza de que seriam repelidos.”
Quem conhece a “Revelação da Revelação” entende perfeitamente o roteiro que tem norteado os escritos mediúnicos obtidos
“Não se deve tomar como contradição (é o 3º parágrafo da resposta a 3. º pergunta da questão 301) o que muitas vezes não é senão parte da elaboração da verdade. Todos os espíritos têm a sua tarefa designada por Deus. Desempenham-na dentro das condições que julgam convenientes ao bem dos que lhes recebem as comunicações.”
Enquanto Allan Kardec coordenava um trabalho sobre o Evangelho, num nível, Roustaing coordenava outro, noutro nível. Houve ai simultaneidade de revelações, contemporâneos que foram o Codificador e aquele auxiliar que veio coadjuvá-lo. É a gradatividade, em diferentes níveis, como sempre aconteceu no mundo. João Batista, com a missão de “endireitar as veredas do Senhor”, foi-lhe o Precursor, encerrando o longo período da Lei e dos Profetas. O Cristo transmitiu a mensagem do evangelho e anunciou para o futuro o Consolador. E João Batista e Jesus foram contemporâneos, cada um trabalhando no seu próprio nível. João anunciou, revelou o Messias, e o Messias confirmou que João “era Elias”, o “maior dos nascidos de mulher”. No fenômeno do Pentecostes, graças a manifestações de efeitos físicos e intelectuais, pela mediunidade dos apóstolos, os israelitas de variada procedência, ali reunidos, obtiveram, cada um deles na própria língua ou dialeto, simultaneamente, os ensinamentos do Evangelho.
A 5ª pergunta (questão 301): “Pessoas há que não têm tempo, nem aptidão necessária para um estudo sério e aprofundado e que aceitam sem exame o que se lhes ensina. Não haverá para elas inconveniente em esposar erros? — Que pratiquem o bem (é a resposta) e não façam o mal é o essencial. Para isso, não há duas doutrinas. O bem é sempre o bem, quer feito em nome de Allah, quer em nome de Jeová, visto que um só DEUS há para o universo.”.
Neste ponto, retornamos à Revue Spirite”, de junho de 1866. Allan Kardec, apreciando a “Revelação da Revelação”, disse que “as partes correspondentes às que tratamos no Evangelho segundo o Espiritismo o são em sentido análogo. Aliás, como nos restringimos as máximas morais que, salvo raras exceções, são claras, estas não poderiam ser interpretadas de maneiras diferentes; assim, jamais foram motivo de controvérsias religiosas. Por esta razão é que por ai começamos, a fim de ser aceito sem contestação, esperando quanto ao resto que a opinião geral estivesse familiarizada com a idéia espírita”.
E o Codificador usando a técnica espírita de comunicação e atendendo às necessidades gerais do povo, em primeiro lugar, a todos enviando a mensagem incontroversa do Cristo, o ensino moral orientador da prática do bem, o essencial. Os que não têm tempo nem aptidão ao estudo sistemático foram e continuam sendo prioritariamente atendidos através dessa obra notabilíssima de simplicidade e consolação, que na FEB já está com a 58.ª edição em preparo, a caminho do 900.º milheiro.
“Os espíritos realmente superiores (é a resposta a 2.ª pergunta da questão 301) jamais se contradizem e a linguagem de que usam é sempre a mesma, com as mesmas pessoas (grifos de Kardec). Pode, entretanto, diferir, de acordo com as pessoas e os lugares. Cumpre, porém, se atenda a que a contradição, às vezes, é apenas aparente; está mais nas palavras que nas idéias; porquanto, quem reflita verificará que a idéia fundamental é a mesma. Acresce que o mesmo espírito pode responder diversamente sobre a mesma questão, segundo o grau de adiantamento dos que o evocam, pois nem sempre convém que todos recebam a mesma resposta, por não estarem igualmente adiantados. É exatamente como se uma criança e um sábio te fizessem a mesma pergunta. De certo responderíeis a uma e a outro de modo que te compreendessem e ficassem satisfeitos. As respostas, nesse caso embora diferentes, seriam fundamentalmente idênticas.”
Falando para outras pessoas, os espíritos que ditaram a “Revelação da Revelação” deram mais amplas e completas explicações aos ensinos de Jesus e não se limitaram às máximas morais: abordaram os evangelhos por inteiro, sem contradição alguma com as verdades expostas sabiamente em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Tudo obviamente sob o comando do Espírito da Verdade.
Simples aprendizes do Evangelho, estamos longe de imaginar a profundeza e o alcance dos desígnios do Senhor, mas estudando vamos sempre aprendendo com os instrutores do invisível. A corporeidade de Jesus para só falarmos no ponto que estranha aversão tem causado a alguns companheiros, (*) ponto que é fundamental à compreensão dos evangelhos em sua integralidade, está implícita na resposta dada pelo espírito de São Luiz a uma das últimas perguntas de “O livro dos Espíritos”, a de nº. 1010: “ O dogma da ressurreição da carne será a consagração da reencarnação ensinada pelos Espíritos? — Como quereríeis que fosse de outro modo? Conforme sucede com tantas outras, estas palavras só parecem despropositadas, no entender de algumas pessoas, porque as tomam ao pé da letra. Levam, por isso, à incredulidade. Dai-lhes uma interpretação lógica e os que chamais livres pensadores as admitirão sem dificuldades, precisamente pela razão de que refletem. Porque, não vos enganeis, esses livres pensadores o que mais pedem e desejam é crer.” (a resposta ainda prossegue.).
A reabilitação espiritual se processa pela via reencarnatória. A libertação plena do Espírito, a superação dos processos compulsórios da reencarnação mediante a total quitação das dívidas contraídas, quitação que se opera através de provas e expiações, é a ressurreição. A ressurreição ocorre continuamente, pois a libertação é fenômeno individual: cada espírito terá a sua.
Mas o Cristo foi crucificado, fisicamente morto e sepultado, nenhum processo reencarnatório se verificando em relação a ele. No entanto, três dias após, como prometera, estava tão vivo quanto antes do calvário, com o mesmo corpo tangível, e com as cicatrizes dos ferimentos que lhe fizeram, reunindo-se com os apóstolos, saudando-os e ensinando-os, tendo surgido em recinto fechado. “Alimentou-se”, repetindo o que publicamente fizera em diversas oportunidades, inclusive do banquete na casa de Zaqueu. Antes ou depois do calvário, sempre o mesmo corpo físico, semelhante aos corpos humanos sem ser a eles idêntico. “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco, era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos salmos.” (Lc, 24:44.). O Espírito São Luiz não incorreu em equivoco, respondendo à pergunta nº. 1010. Ele simplesmente revestiu o seu “pensamento puro” numa linguagem clara, mas de tal forma que, satisfazendo com precisão à indagação que lhe fora dirigida, e que visava apenas ao aspecto imediato, humano e temporal da vastíssima questão, a da ressurreição da carne/reencarnação, ao mesmo tempo satisfaria à saciedade os que buscassem, no futuro, o aspecto complementar, espiritual e eterno do grande enigma, o do retorno do espírito, após as voluntárias quedas por rebeldia, à imortalidade gloriosa, à definitiva ressurreição com a cessação dos ciclos reencarnatórios. “E já não haverá morte...” (apocalipse, 21:4.). Este último aspecto, sendo de maior imaterialidade, está contido na profundeza da resposta, está implícito, exigindo maior atenção e acuidade para sua extração intuitiva, mas também racional, por comparação das figuras e dos processos que as interligam ao fenômeno da ressurreição: a obrigatória exclusão da figura do Cristo desse processo, a que conduz implicitamente a explicidade textual da resposta de São Luiz, é a solução insofismável do problema. Como nos esclarece Hermínio C. Miranda, inspiradamente, chegaremos a absorver a mensagem, decodificando-a e reconvertendo-a “à forma original, como pensamento puro.”.
Para se discernir do erro a verdade (resposta a 4.ª pergunta da questão 301 de “O Livro dos Médiuns”), preciso se faz que as respostas sejam aprofundadas e meditadas longa e seriamente. É um estudo completo a fazer-se. Para isso, é necessário tempo, como para destruir todas as coisas. Estudai, comparai, aprofundai. Incessantemente vos dizemos que o conhecimento da verdade só a esse preço se obtém. Como quereríeis chegar à verdade, quando tudo interpretais segundo as vossas acanhadas idéias, que, no entanto, tomai por grandes idéias? Longe, porém, não está o dia em que o ensino dos espíritos será por toda parte uniforme, assim nas minúcias, como nos pontos principais. A missão deles é destruir o erro, mas isto não se pode efetuar senão gradativamente”.
(*) O artigo de Newton Boechat, “Biologia e Transformismo”, publicado no Reformador de maio de 1973, abordam interessantes pontos, sobre o assunto, da obra “Os Quatro Evangelhos” de Jean-Baptiste Roustaing, razão por que convém lido e relido pelos estudiosos.
Francisco Thiesen
Este Artigo foi extraído da revista “Reformador”, mensário religioso de espiritismo cristão – Nº. 06 – Ano 91 – Mês de Junho de 1973.
sábado, 13 de junho de 2009
Considerações Adicionais sobre a Lança de Longinus
Considerações Adicionais sobre a Lança de Longinus
"O Médium do Anticristo", maravilhoso e intrigante artigo escrito por Hermínio Correa de Miranda, merecia da redação do blog algumas considerações adicionais, tendo em vista a profundidade histórica dos assuntos relacionados. Para quem sentir-se motivado a um maior aprofundamento nas leituras sobre o tema, adiciono no final do artigo dois importantes links, um sobre o Hermínio e o outro oferece subsídios adicionais com longas informações históricas sobre a lança, além de transcrever alguns comentários sobre o autor de "Lança do Destino", o Sr. Trevor Ravenscroft, fonte principal das análises do Hermínio.
Além de Trevor Ravenscroft, outro personagem é muito citado no artigo "O Médium do Anticristo", é o colega de infância de Hitler, August Kubizek. Sobre ele transcrevo o verbete coletado por mim na excelente wikipedia.
"August Kubizek é considerado o melhor e por alguns o único amigo de Hitler na época de sua infância em Linz (Áustria).
August ainda redigiu importante obra sobre a infância do futuro ditadoralemão,que tirando as partes de extremo exagero tem algum traço de verdade sendo muito importante para os estudos sobre esta época que poucos relatos constam da vida de Hitler. August teve muita convivência com Hitler chegando a dividir o quarto com o jovem Adolf.
Kubizek e Hitler encontraram-se de novo mais tarde quando Hitler já era supremo senhor da nação possuindo por causa disso August uma história curiosa no pós guerra. Ele foi falar a um oficial americano que conheceu Hitler e o oficial perguntou se ele falara com ele sem vigia e ele confirmou e o oficial esbravejou o porque de August não ter matado o führer se teve a oportunidade tão clara. História essa que fez August desistir de relatar sua história para o mundo contando-a somente em seu livro cujo nome é O jovem Hitler - A história de nossa amizade em uma época posterior".
M. P de Oliveira
pt.wikipedia.org/wiki/hermínio_correa_de_miranda
quinta-feira, 11 de junho de 2009
O Médium do Anticristo

O Médium do Anticristo Um jovem de cerca de 20 anos vagava pelo Museu Hofburg, em Viena, como de costume, estava deprimido como nunca. O dia fora muito frio, pois o vento trouxera o primeiro anúncio do outono que se aproximava. Ele temia novo ataque de bronquite que se aproximava. Ele temia novo ataque no seu miserável quartinho numa pensão barata. Estava pálido, magro e de aparência doentia. Sem dúvida alguma, era um fracasso. Fora recusado pela Escola de Belas Artes e pela faculdade de Arquitetura. As perspectivas eram as piores possíveis. Caminhando pelo museu, entrou na sala que guardava as jóias da coroa dos Hapsburg, gente de uma raça que não considerava de boa linhagem germânica. Mergulhado em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que um grupo de turistas, orientados por um guia, passaram por ele e pararam diante de um pequeno objeto ali em exibição. -”Aqueles estrangeiros – escreveria o jovem mais tarde – pararam quase em frente ao lugar onde eu me encontrava, enquanto seu guia apontava para uma antiga ponta de lança”. A princípio, nem me dei ao trabalho de ouvir o que dizia o perito; limitava-me a encarar a presença daquela gente como intromissão na intimidade de meus desesperados pensamentos. E, então, ouvi as palavras que mudariam o rumo da minha vida: "Há uma lenda ligada a esta lança que diz que quem a possuir e decifrar os seus segredos terá o destino do mundo em suas mãos, para o bem ou para o mal." Como se tivesse recebido um choque de alertamento, ele agora bebia as palavras do erudito guia do museu, que prosseguia explicando que aquela fora a lança que o centurião romano introduzira ao lado do tórax de Jesus (João 19:33) para ver se o crucificado já estava "morto". Tinha uma longa e fascinante história aquele rústico pedaço de ferro. O jovem mergulharia nela a fundo nos próximos anos. Chamava-se ele, Adolf Hitler. Voltou muitas vezes mais ao Museu Hofburg e pesquisou todos os livros e documentos que conseguiu encontrar sobre o assunto. Envolveu-se em mistérios profundos e aterradores, teve revelações que o atordoaram, incendiaram sua imaginação e desataram seus sonhos mais fantásticos. Sabemos hoje, em face da prática e da literatura espírita, que os espíritos encarnados e desencarnados, vivem em grupos, dedicados a causas nobres ou sórdidas, segundo seus interesses pessoais. A inteligência e o conhecimento, como todas as aptidões humanas, são neutros em si mesmos, ou seja, tanto podem ser utilizados na prática do bem como na disseminação do mal. Dessa maneira, tanto os bons espíritos, como aqueles que ainda se demoram pelas trevas, elaboram objetivos de longo alcance visando aos interesses finais do bem ou do mal. Em tais condições, encarnados e desencarnados se revezam, neste plano e no outro, e se apóiam mutuamente, mantendo constantes entendimentos especialmente pela calada da noite, quando uma parte considerável da humanidade encarnada, desprendida pelo sono, procura seus companheiros espirituais para debater planos, traçar estratégias, realizar tarefas, ajustar situações. Há, pois, toda uma logística de apoio aos Espíritos que se reencarnam com tarefas específicas, segundo os planos traçados. Estudando, hoje, a história secreta do nazismo, não nos resta dúvida de que Adolf Hitler e vários dos seus principais companheiros desempenharam importante papel na estratégia geral de implantação do reino das trevas na Terra, num trabalho gigantesco que, obviamente, tem a marca inconfundível do Anticristo. Para isso, eclodem fenômenos mediúnicos, surgem revelações, encontram-se as pessoas que deveriam encontrar-se, acontecem "acasos" e "coincidências" estranhas, juntam-se, enfim, todos os ingredientes necessários ao desdobramento do trabalho. August Kubizek descreve uma cena dramática “— Era como se outro ser falasse de seu corpo e o comovia tanto quanto a mim. Não era, de forma alguma, o caso de uma pessoa que fala entusiasmada pelo que diz. Ao contrário, eu sentia que ele próprio como que ouvia atônito e emocionado o que jorrava com uma força primitiva... Como enxurrada rompendo diques, suas palavras irrompiam dele. Ele invocava, em grandiosos e inspirados quadros, o seu próprio futuro e o de seu povo. Falava sobre um Mandato que, um dia, receberia do povo para liderá-lo da servidão aos píncaros da liberdade, missão especial que em futuro seria confiada a ele”. Ao que parece, foi o primeiro sinal documentado da missão de Hitler e o primeiro indício veemente de que ele seria o médium de poderosa equipe espiritual das trevas empenhada em implantar na Terra uma nova ordem. Garantia-se a Hitler o poder que ambicionava, em troca da fiel utilização da sua instrumentação mediúnica. O pacto com as trevas fora selado nas trevas. É engano pensar que essas falanges espirituais ignoravam as leis divinas. Conhecem-nas muito bem e sabem da responsabilidade que arrostam e, talvez, até por isso mesmo, articulam seus planos tenebrosos e audaciosos, porque, se ganhassem, teriam a impunidade com que sonham milenarmente para acobertar crimes espantosos. Eles conhecem, como poucos, os mecanismos da Lei e sabem manipular com perícia aterradora os recursos espirituais de que dispõem. Vejamos outro exemplo: o relato da Segunda visita de Hitler à lança, narrada pelo próprio. Novamente a sensação estranha de perplexidade. Sente ele que algo poderoso emana daquela peça, mas não consegue identificar o que se trata. De pé, diante da lança, ali ficou por longo tempo a contemplá-la: “Estudava minuciosamente cada pormenor físico da forma, da cor e da substância, tentando, porém, permanecer aberto à sua mensagem. Pouco a pouco tornei consciente de uma poderosa presença em torno dela – a mesma presença assombrosa que experimentara intimamente naquelas raras ocasiões de minha vida em que sentia que um grande destino esperava por mim.” Começava agora a compreender o significado da lança – escreve Ravenscroft – e a origem de sua lenda, pois sentia, intuitivamente, que ela era o veículo de uma revelação - "uma ponte entre o mundo dos sentidos e o mundo do espírito". As palavras entre aspas são do próprio Hitler, que prossegue: “Uma janela sobre o futuro abriu-se diante de mim, e através dela vi, num único "flash", um acontecimento futuro que me permitiu saber, sem sombra de dúvida, que o sangue que corria em minhas veias seria, um dia, o veículo do espírito de meu povo.” Ravenscroft especula sobre a revelação. Teria sido talvez, a antevisão da cena espetaculosa do próprio Hitler a falar, anos mais tarde, ali mesmo em frente ao Hofburg, à massa nazista aglomerada, após a trágica invasão da Áustria, em 1938, quando ele disse em discurso: “A Providência me incumbiu da missão de reunir os povos germânicos com a missão de devolver minha pátria(1) ao Reich alemão. Acreditei nessa missão. Vivi por ela e creio que a cumpri.” Tudo começara com o impacto da visão da lança no museu. Já naquele mesmo dia, em que o guia dos turistas chamou sua atenção para a antiguíssima peça, ele experimentou estranhas sensações diante dela. “Que fascínio poderia ter sobre seu Espírito - especulava ele próprio – aquele símbolo cristão? Qual a razão daquele impacto? Quanto mais a contemplava, mais forte e, ao mesmo tempo, mais fugidia e fantástica se tornava a sua impressão.” “Senti como se eu próprio a tivesse detido em minhas mãos anteriormente, em algum remoto século da História – como se eu a tivesse possuído, como meu talismã de poder e mantido o destino do mundo em minhas mãos. No entanto, como poderia isto ser possível? Que espécie de loucura era aquele tumulto no meu íntimo?” Qual é, porém, a história conhecida da lança? É o que tentaremos resumir em seguida. Hitler dedicou-se daí em diante ao estudo de tudo quanto pudesse estar relacionado com o seu fascinante problema. Cedo foi dar em núcleos do saber oculto. Um dos seus biógrafos, Alan Bullock (Hitler: A Study in Tiranny), sem ter alcançado as motivações do futuro líder nazista; diz que ele foi um inconseqüente, o que se poderia provar pelas suas leituras habituais, pois seus assuntos prediletos eram: história da Roma antiga, as religiões orientais, ioga, ocultismo, hipnotismo, astrologia... Parece legítimo admitir que tenha lido também obras de pesquisa espíritas, porque os autores não especializados insistem em grupar espiritismo, magia, mediunismo e adivinhação, e muito mais sob o rótulo comum de ocultismo. Sim, Hitler estudou tudo isso profundamente e não se limitou à teoria; passou à prática. Convencido da sua missão transcendental, quis logo informar-se sobre os instrumentos e recursos que lhe seriam facultados para levá-lo a cabo. O primeiro impacto da idéia da reencarnação em seu espírito o deixou algo atônito, como vimos na sua primeira crise espiritual diante da lança, no museu de Hofburg; logo, no entanto, se tornou convicto dessa realidade e tratou a sério de identificar algumas de suas vidas anteriores. Esses estudos levaram-no ao cuidadoso exame da famosa legenda do Santo Graal, de que Richard Wagner, um dos seus grandes ídolos, se serviu para o enredo da ópera Parsifal. Hitler foi encontrar nos escritos de um poeta do século XIII, por nome Wolfram von Eschenbach, a fascinante narrativa da lenda, cheia de conotações místicas e simbolismos curiosos, que captaram a sua imaginação, porque ali a história e a profecia estavam como que mal disfarçadas atrás do véu diáfano da fantasia. Mas, Hitler tinha pressa, e, para chegar logo ao conhecimento dos mistérios que o seduziam, não hesitou em experimentar com o peiote, substância alucinógena extraída do cogumelo mexicano, hoje conhecida como mescalina. Sob a direção de um estranho indivíduo, por nome Ernest Pretzsche, o jovem Adolf mergulhou em visões fantásticas que, mais tarde, identificaria como sendo cenas de uma existência anterior que teria vivido como Landulf de Cápua, que serviu de modelo ao Klingsor na ópera de Wagner. Esse Landulf foi um príncipe medieval (século nono) que Revenscroft declara ter sido "the most evil figure of the century" – a figura mais infame do século. Sua influência tornou-se considerável na política de sua época e, segundo Ravenscroft, "ele foi a figura central em todo o mal que se praticou então". O Imperador Luiz II conferiu-lhe posto que o situava como a terceira pessoa no seu reino, e concedeu-lhe honrarias e poderes de toda a sorte. Landulf teria passado muitos anos no Egito, onde estudou magia negra e astrologia. Aliou-se secretamente aos árabes que, apesar de dominarem a Sicília, respeitaram seu castelo, Ravenscroft informa logo a seguir que, a seu ver, ninguém conseguiu exceder Wagner em inspiração, quando este coloca, na sua ópera, a figura de Klingsor ( ou seja, Landulf) como um mago a serviço do Anticristo. Aliás, muitas são as referências ao Anticristo no livro do autor inglês, em conexão com a trágica figura de Adolf Hitler. Ainda veremos isto. Guiado pela sua intuição, Wagner transpôs para o terreno da arte, na sua genial ópera, o objetivo de Klingsor e seus adeptos, que era "cegar as almas por meio da perversão sexual e privá-las da visão espiritual, a fim de que não pudessem ser guiadas pelas hierarquias celestiais". Essa atividade maligna Landulf desenvolveu em seu tempo e suas horríveis práticas teriam exercido "devastadora influência nos líderes seculares da Europa cristã", conforme Ravenscroft. Mas Hitler acreditava-se também uma reencarnação de Tibério, um dos mais sinistros dos Césares. É fato sabido hoje, que ele tentou adquirir ao Dr. Axel Munthe, autor do Livro de San Michele, a ilha deste nome, que, em tempos idos fora o último reduto de Tibério, que lá morreu assassinado. O Dr. Munthe se recusou a vender a ilha porque ele próprio acreditava ter sido Tibério, o que não parece muito congruente com a sua personalidade. Aliás, as especulações ocultistas (usemos a palavra) dos líderes nazistas estão cheias de fenômenos psíquicos e de buscas no passado. Göering dizia, com orgulho, que sempre encarnou ao lado do Führer. Ao tempo de Landulf, ele teria sido o Conde Boese, amigo e confidente do príncipe feiticeiro, e no século XIII fora Conrad de Marburg, amigo íntimo do bispo Klingsor, de Wartburg. Göebbels, o ministro da Propaganda nazista, acreditava ter sido Eckbert de Meran, bispo de Bamberg, no século XIII, que teria apresentado Klingsor ao rei André da Hungria. Se essas encarnações estão certas ou não, não cabe aqui discutir, mas tais especulações evidenciam o interesse daqueles homens pelos mistérios e segredos das leis divinas, que precisavam conhecer para melhor desrespeitar e burlar. Por outro lado, contêm alguma lógica, quando nos lembramos de certos aspectos que a muitos passam despercebidos. Muitos espíritos reencarnaram-se com o objetivo de infiltrarem-se nas hostes daqueles que pretendem combater, seja para destruir, seja para se apossarem da organização, sempre que esta detenha alguma parcela substancial de poder. Não seria de admirar-se, pois que um grupo de servidores das trevas, com apoio das trevas, aqui e além, fosse alçado a postos de elevada influência entre a hierarquia cristã da época, quando a Igreja desfrutava de incontestável poder. O papado não esteve imune – longe disso - e por várias vezes caiu em mãos de mal disfarçados emissários de Anticristo. Lembremos outro pequeno e quase imperceptível pormenor. Recorda-se o leitor daquela observação veiculada por um benfeitor espiritual que relatou haver sido traçada, no mundo das trevas, a estratégia do sexo desvairado, a fim de desviar os humanos dos caminhos retos da evolução? Sexo transviado e magia negra são aliados constantes, ingredientes do mesmo caldo escuro, onde se cultivam as paixões mais torpes. Quantos não se perderam por ai... 1 - Hitler era austríaco. Nasceu em 20 de abril de 1889, na encantadora vila de Braunau-am-Inn, onde também nasceram os famosos médiuns Willy e Rudi Scheider. 2 - Segundo apurou Ravenscroft, esse Bispo Klingsor seria o Conde de Acerra, também de Cápua, um tipo sinistro, profundamente envolvido com magia negra e que, como Landulf, séculos antes, reuniu em torno de si um círculo de adeptos que incluía eminentes personalidades eclesiásticas da época. Afirma, ainda, o autor que foi nesse grupo que se concebeu o medonho monstro da Inquisição. Alfred Rosemberg, o futuro teórico do nazismo, era então o profeta do Anticristo e se incumbia de questionar os Espíritos manifestantes. Ravenscroft afirma que teria sido Rosemberg quem pediu a presença da própria Besta do apocalipse, que na opinião(de Rovenscroft), sem dúvida dominava o corpo e a alma de Adolf Hitler, através das óbvias faculdades mediúnicas deste. Essa manifestação do Anticristo em Hitler foi assegurada por mais de uma pessoa, além do lúcido e tranqüilo Dr. Walter Johannes Stein. Um desses foi outro estranho caráter, por nome Houston Stewart Chamberlain, um inglês que se apaixonou pela Alemanha e pela causa nazista. Ravenscroft classifica-o como genro de Wagner e profeta do mundo pangermânico. Também escrevia suas teses racistas em transe, segundo atestou nada menos que o eminente General Von Moltke, de quem ainda diremos algo importante daqui a pouco. Chamberlain era considerado um digno sucessor do gênio de Friederich Nietzsche e, segundo o próprio Hitler, em "Mein Kampf", "um dos mais admiráveis talentos na história do pensamento alemão, uma verdadeira mina de informações e de idéias". Foi quem expandiu as idéias de Wagner, desvirtuando-as perigosamente, ao pregar a superioridade da raça ariana. Segundo testemunho de Von Moltke, Chamberlain evocou inúmeros vultos desencarnados da história mundial e confabulou com eles. Que era uma inteligência invulgar, não resta dúvida. Os poderes das trevas escolheram bem seus emissários. Enganam-se, também, redondamente, aqueles que consideram Hitler um doido inconseqüente que tentou na sua loucura, botar fogo no mundo. A julgar por todas essas revelações que ora nos chegam ao conhecimento, ele sabia muito bem o seu papel em todo esse drama. Recebeu uma fatia de poder a troco de certa missão muito específica. No domínio do mundo, se o tivesse conseguido, ele continuaria a desfrutar de posição "invejável", como prêmio a um trabalho "bem feito". Ainda bem que falhou, pois a amostra foi terrível. Como se explicaria, sem esse apoio maciço de espíritos encarnados e desencarnados, que um jovem pintor sem êxito, pobre, abandonado à sua sorte, rejeitado pela sociedade, tenha conseguido montar o mais tenebroso instrumento de opressão que o mundo já conheceu? Como se explicaria que seu partido tenha emergido de um pequeno grupo político, falido e obscuro, senão que os Espíritos seus amigos o indicaram como sendo o primeiro degrau de escada que o levaria ao poder? Hitler ainda se aprofundaria muito mais nos mistérios da sua missão tenebrosa. Precisava receber instruções mais específicas, e como sabemos, tudo se arranja para que assim seja. A hora chegaria, no momento exato, com a pessoa já programada para ajudá-lo. Um desses homens chamou-se Dietrich Eckhart. Sua história á algo fantástico, mas vale a pena passar ligeiramente sobre ela, a fim de entendermos seu papel junto a Hitler, que, antes de encontrar-se com Eckhart, fizera apenas preparativos para o vestibular da magia e do ocultismo. Dietrich Eckhart era um oficial do exército, de aparência afável e jovial, e ao mesmo tempo, no dizer de Ravenscroft, "dedicado ao satanismo”, e supremo adepto das artes e dos rituais da magia negra e a figura central de um poderoso e amplo círculo de ocultistas – O Grupo Thule". Foi um dos setes fundadores do partido nazista, e, ao morrer, intoxicado por gás de mostarda, em Munich, em dezembro de 1923, disse exultante: “Sigam Hitler! Ele dançará, mas a música é minha. Iniciei-o na "Doutrina Secreta", abri seus centros de visão e dei-lhe os recursos para se comunicar com os Poderes. Não chorem por mim: terei influenciado a História mais do que qualquer outro alemão.”. Suas palavras não são mero delírio de paranóico. Há muito, nas suas desvairadas práticas mediúnicas, Havia recebido uma espécie de anunciação satânica de que estava destinado a preparar o instrumento do Anticristo, o homem inspirado por Lúcifer para conquistar o mundo e liderar a raça ariana à glória. Quando Adolf Hitler lhe foi apresentado, ele reconheceu imediatamente o seu homem, e disse para seus perplexos ouvintes: - Aqui está aquele de quem eu fui apenas o profeta e o precursor. Coisas espantosas se passaram no círculo mais íntimo e secreto do Grupo “Thule”, numa série de sessões mediúnicas (Ravenscroft chama-as, indevidamente, de sessões espíritas...), das quais participavam dois sinistros generais russos e outras figuras tenebrosas. A médium, descoberta por certo Dr. Nemirocitch-Dantchenko, era uma pobre ignorante camponesa, dotada de variadas faculdades. Expelia pelo órgão genital enormes quantidades de ectoplasma, do qual se formavam cabeças de entidades materializadas que, juntamente com outras, incorporadas na médium, transmitiam instruções ao círculo de "eleitos". Certa manhã de setembro de 1912, Walter Stein e seu jovem amigo Adolf Hitler subiram juntos as escadarias do museu Hofburg. Em poucos minutos encontravam-se diante da Lança de Longinus, posta, como sempre, no seu estojo de desbotado veludo vermelho. Estavam ambos profundamente emocionados, por motivos diversos, é claro, mas, seja como for, o disparador daquelas emoções era a misteriosa lança. Dentro em pouco, Hitler parecia ter passado a um estado de transe, "um homem – segundo Ravenscroft – sobre o qual algum espantoso encantamento mágico havia sido atirado”. Tinha as faces vermelhas e seus olhos brilhavam estranhamente. Seu corpo oscilava, enquanto ele parecia tomado de inexplicável euforia. Toda a sua fisionomia e postura – escreve Rovenscroft, que ouviu a narrativa do próprio Stein – pareciam transformadas, como se algum poderoso Espírito habitasse agora a sua alma, criando dentro dele e à sua volta uma espécie de transfiguração maligna de sua própria natureza e poder. Walter Stein pensou com seus botões: Estaria ele presenciando uma incorporação do Anticristo? É difícil responder, mas é certo que terrífica presença espiritual ali estava mais do que evidente. Inúmeras outras vezes, em todo o decorrer de sua agitada existência, testemunhas insuspeitas e desprevenidas haveriam de notar fenômenos semelhantes de incorporação, especialmente quando Hitler pronunciava discursos importantes ou tomava decisões mais relevantes. Ao narrar o fenômeno a Ravenscroft, 35 anos depois, o Dr. Stein diria que: “... Naquele instante em que pela primeira vez nos postamos juntos, de pé, ante a Lança de Longinus, pareceu-me que Hitler estava em transe tão profundo que passava por uma privação quase completa de seus sentidos e um total eclipse de sua consciência.” Hitler sabia muito bem da sua condição de instrumento de poderes invisíveis. Numa entrevista à imprensa, documentou claramente esse pensamento, ao dizer: “Movimento-me como um sonâmbulo, tal como me ordena a providência.” Havia nele súbitas e tempestuosas mudanças de atitude. De uma placidez fria e meditativa, explodia, de repente, em cólera, pronunciando, alucinadamente, uma torrente de palavras, com emoção e impacto, especialmente quando a conversa enveredava pelos temas políticos e raciais. Stein presenciou cenas assim no velho café em que costumava encontrar-se com seu amigo, em Viena, ali por volta de 1912/1913. Passada a explosão, Hitler recolhia-se novamente ao seu canto, como se nada tivesse ocorrido. Naqueles estados de exaltação, transformava-se o seu modo de falar e sua palavra alcançava as culminâncias da eloqüência e da convicção. Era como se um poder magnético a elas se acrescentasse, de tal forma que ele facilmente dominava seus ouvintes. Seus próprios companheiros notariam isso mais tarde, em várias oportunidades. Ao se ouvir Hitler – escreveu Gregor Strasser, um ex-nazista – tem-se a visão de alguém capaz de liderar a humanidade à glória. Uma luz aparece numa janela escura. Um homem com um bigode cômico transforma-se Tudo fora muito cuidadosamente planejado e executado, inclusive com os sinais identificadores, para que ninguém tivesse dúvidas. Nas trágicas sessões mediúnicas do Grupo “Thule”, fora anunciado que o Anticristo se manifestaria depois que seu instrumento passasse por uma ligeira crise de cegueira. Isto se daria ali por volta de 1921, e seu médium teria, então, 33 anos. Aos 33 anos de idade, em 1921, depois de recuperado de uma cegueira temporária, Hitler assumiu a incontestável liderança do Partido Nacional Socialista, que o levaria ao poder supremo na Alemanha, e, quase, no mundo. De tanto investigar os mistérios e segredos da história universal, em conexão com os poderes invisíveis, Hitler se convenceu de realidades que escapam à maioria dos seres humanos. A história é realmente o reflexo de uma disputa entre a sombra e a luz, representadas, respectivamente, pelos Espíritos que desejam o poder a qualquer preço e por aqueles que querem implantar na Terra o reino de Deus, que anunciou o Cristo. Hitler sabia, por exemplo, que os Espíritos trabalham em grupos, segundo os seus interesses e por isso se reencarnam também em grupos, enquanto seus companheiros permanecem no mundo espiritual – na sombra ou na luz, conforme seus propósitos – apoiando-se mutuamente. Não é à toa que Göering e Goebbels, como vimos, reconheciam-se como velhos companheiros de Hitler. Este, por sua vez, estava convencido de que um grupo enorme de Espíritos, que se encarnara no século IX, voltara a encarna-se no século XX. O notável episódio ocorrido com o eminente General Von Moltke parece confirmar essa idéia. Vamos recordá-lo, segundo o relato de Ravenscroft. Foi ainda na Primeira Guerra Mundial. No imenso e trágico tabuleiro de xadrez em que se transformara a Europa, havia um plano militar secreto, sob o nome de Plano Schlieffen, que previa a invasão da França através da Bélgica, antes que a Rússia estivesse em condições de entrar em ação. Helmuth Von Moltke era Chefe do Estado-Maior do Exército Alemão, sob o Kaiser. Coube-lhe a responsabilidade de introduzir alguns aperfeiçoamentos no plano e aguardar o momento de pô-lo em ação, quando necessário. O momento chegou em junho de 1914. Jogava-se a sorte da Europa. Von Moltke passou a noite em claro, na sede do Alto Comando, tomando as providências de última hora para que o plano entrasse em ação imediatamente. Estudava mapas, expedia ordens, conferenciava com seus oficiais. O destino de sua pátria estava em suas mãos e ele sabia disso. No auge da atividade, o eminente General perdeu os sentidos sobre a mesa de trabalho. Parecia Ter tido um enfarte. Chamaram um médico, enquanto seus camaradas, muito apreensivos depositavam o seu corpo no sofá. Nenhuma doença foi diagnosticada. Na verdade, Von Moltke estava Julgou-se, a princípio, que o poderoso General estivesse morrendo. Mal se percebia sua respiração e o coração apenas batia o necessário para manter a vida; olhos abertos vagavam, apagados, de um lado para outro. O eminente General Helmuth Von Moltke estava experimentando uma crise espontânea de regressão de memória, durante a qual em vívidas imagens que se desdobravam diante de seus olhos espirituais, ele se viu como um dos Papas do século IX, Nicolau I, o Grande, que a Igreja canonizou. Há estranhas "coincidências" aqui. Segundo os historiadores, Nicolau ascendeu ao trono papal mais por influência do Imperador Luis II do que pela vontade do clero. Lembra-se o leitor de que Luiz II foi o mesmo que protegeu o incrível Landulf, príncipe de Cápua? E que Landuf, um milênio depois, seria Adolf Hitler? Nicolau foi um papa enérgico e brilhante. Governou somente nove anos incompleto, de Enquanto essas vivências desfilavam diante de seus olhos, Von Moltke, ainda estendido no sofá, vivia a curiosa experiência de estar situado entre duas vidas; separadas por mil anos. Em torno dele, entre as ansiosas figuras de seus generais, ele identificava alguns de seus antigos cardeais e bispos. Uma das personalidades que ele também identificou naquele desdobramento foi a de seu tio, o ilustre Marechal- de- Campo, também chamado Helmuth Von Moltke, o maior estrategista de sua época e que lutou na guerra de 1870. Fora também uma das poderosas figuras medievais, o Papa Leão IV, o chamado pontífice-soldado, que organizou a defesa de Roma e comandou seus próprios exércitos. Outra figura identificada foi o General Von Schlieffen, autor do famoso plano Schlieffen, que também experimentara as culminâncias do poder papal, sob o nome de Bento II. Ao despertar de sua singular experiência com o tempo, o General Von Moltke estava abalado até às raízes de seu ser. Caberia a ele, um ex-Papa, deslanchar todo aquele plano de destruição e matança? Se não o fizesse, o que aconteceria à sua então pátria? Diz Ravenscroft que, após se reformar, Von Moltke escreveu minucioso relato daquela experiência notável. Também ele se deixou envolver pelo misterioso fascínio da Lança de Longinus, que certa vez visitou em companhia de outro General, seu amigo; e, segundo o escritor inglês, conseguiu apreender o verdadeiro sentido e importância daquela peça, "como um poderoso símbolo apocalíptico". Acreditava ele que se deveram à sua própria atitude negativa, como Nicolau I, em relação ao intercâmbio com o mundo espiritual, os trágicos desenganos que se sucederam na História subseqüente, a começar pela separação da cristandade em duas e o progressivo abandono da realidade espiritual em favor das doutrinas materialistas, que "virtualmente aprisionaram a criatura no mundo fenomênico da medida, do número, do peso, tornando a própria existência da alma humana objeto de dúvida e debate" (Ravenscroft). Por isso tudo, ao se erguer do sofá, Von Moltke era outra criatura. Como explicar tudo aquilo aos seus companheiros? Que decisões tomar agora, na perspectiva do tempo e dos lamentáveis enganos que havia cometido no passado, em prejuízo do curso da História? Parece, no entanto, que não dispunha de alternativa. Como Longinus, tinha de praticar um ato de aparente violência, para contornar uma crueldade maior. Tudo continuou como fora planejado, mas o Chefe do Estado-Maior não continuou como fora. Aliás, ao ser elevado àquela posição pela sua inesgotável e indiscutível capacidade profissional, houve dúvidas, em virtude do seu temperamento meditativo e tranqüilo. Seria realmente um bom General no momento de crise que exigisse decisões drásticas? Era o que se perguntavam seus adversários, mesmo reconhecendo sua enorme autoridade técnica. Ao se retirar do comando, diz Ravenscroft, ele era um homem arrasado, porque mais do que nunca estava consciente da tragédia de viver num mundo em que a violência e a matança pareciam ser os únicos instrumentos capazes de "despertar a humanidade para as realidades espirituais". Após a sua desencarnação, em 1916, com 68 anos de idade, Von Moltke passou a transmitir uma série de comunicações através da mediunidade de sua esposa Eliza Von Moltke. Ah! Que documento notável deve ser esse! Foi numa dessas mensagens que o Espírito do antigo Chefe do Estado-Maior informou que o Führer do Terceiro Reich seria Adolf Hitler, àquela época um obscuro e agitado político, aparentemente sem futuro. Foi também ele que, em Espírito, confirmou a antiga encarnação de Hitler como Landulf de Cápua, o terrível mágico medieval que vinha agora repetir, nos círculos mais fechados do Partido, os rituais de magia negra, cujo conhecimento trazia nos escaninhos da memória integral. Faltavam ainda algumas peças importantes para consolidar as conquistas do jovem Hitler, mas todas elas apareceriam no seu devido tempo e executariam as tarefas para as quais haviam sido rigorosamente programadas nos tenebrosos domínios do mundo espiritual inferior. O General Eric Ludendorff seria uma delas. Von Moltke identificou-o com outro papa medieval, que governou sob o nome de João VIII, que Ravenscroft classifica como "o pontífice de mais negra memória que se conhece em toda a história da Igreja Romana, que, como amigo de Landulf de Cápua, ajudou-o nas suas conspirações no século IX". Novamente, sob as vestes de Eric Ludendorff, o antigo Papa daria a mão para alçar Landulf (agora Adolf) ao poder. Outro elemento importante, nessa longa e profunda reiniciação de Hitler, foi Karl Haushofer, que, no dizer de Ravenscroft, "não apenas sentiu o hálito da Besta Apocalíptica(3) no controle do ex-cabo demente, mas também, buscou conscientemente e com maligna intenção, ensinar a Hitler como desatrelar seus poderes contra a humanidade, na tentativa de conquistar o mundo". É um tipo estranho e mefistofélico esse Haushofer, mas, se fôssemos aqui estudar todo o elenco de extravagantes personalidades que cercaram Hitler, seria preciso escrever outro livro. Diz, porém, Ravenscroft que foi Haushofer quem despertou em Hitler a consciência para o fato de que operavam nele as motivações da " Principalidade Luciferina", a fim de que "ele pudesse torna-se veículo consciente da intenção maligna no século vinte". (destaque do autor) Vejamos mais um episódio. Em 1920, era tão patente, através da Alemanha, essa expectativa messiânica, que foi lançado na Universidade de Munich um concurso de ensaios sobre o tema seguinte: "Como deve ser o homem que liderará a Alemanha de volta às culminâncias de sua glória?" O vultoso prêmio em dinheiro foi oferecido por um milionário alemão residente no Brasil (não identificado por Ravenscroft) e quem o ganhou foi um jovem chamado Rudolf Hess que, em tempos futuros, seria o segundo homem da hierarquia nazista! Sua concepção desse messias político guarda notáveis similitudes com a figura do Anticristo descrita nos famosos (e falsos) "Protocolos do Sião", segundo Ravenscroft. Consta que Hitler considerava Rudolf Steiner, o místico, vidente e pensador austríaco como seu arquiinimigo. Segundo informa Ravenscroft, Steiner, em desdobramento espiritual, penetrava, conscientemente, os mais secretos e desvairados encontros, onde se praticavam rituais atrozes para conjurar os poderes que sustentavam a negra falange empenhada no domínio do mundo. Que andaram muito perto dessa meta, não resta dúvida. Conheciam muito bem a técnica do assalto ao poder sobre o homem, através do próprio homem. Hugh Trevor-Roper, no seu livro "The Last Days of Adolf Hitler", transcreve uma frase do Führer, que diz o seguinte: “Não vim ao mundo para tornar melhor o homem, mas para utilizar-me de suas fraquezas.” Estava determinado a cumprir sua missão a qualquer preço. - Jamais capitularemos – disse, certa vez, repetindo o mesmo pensamento de sempre. – Não. Nunca. Poderemos ser destruídos, mas, se o formos, arrastaremos o mundo conosco – um mundo em chamas. Muito bem. É tempo de concluir. Por exemplo, o que aconteceu com a Lança de Longinus? Continua no Museu de Hofburg, em Viena, para onde foi reconduzida após novas aventuras. Primeiro, Hitler tomou posse dela, ao invadir a Áustria, em 1938 e levou-a para a Alemanha, cercada de tremendas medidas de segurança. Lá ficou ela em exposição, guardada dia e noite, pelos mais fiéis nazistas. Quando a situação da guerra começou a degenerar para o lado alemão, construiu-se secretíssima e inviolável fortaleza subterrânea para guardá-la. Apenas meia dúzia de elevadas autoridades do governo sabiam do plano. Uma porta falsa de garagem disfarçava a entrada desse vasto e sofisticado cofre-forte, em Nüremberg, que o Führer ordenou fosse defendido até à última gota de sangue. Quando se tornou evidente que o Terceiro Reich se desmoronava de fato, ante o avanço implacável das tropas aliadas, Himmler achou que a Lança de Longinus precisava de um abrigo alternativo. Uma série de providências foi programada, com uma remoção fictícia, para um ponto não identificado da Alemanha; e outra, verdadeira, sob o véu do mais fechado segredo, para um novo esconderijo, onde o talismã do poder ficaria a salvo dos inimigos do nazismo. Por uma dessas misteriosas razões, no entanto, um dos cinco ou seis oficiais nazistas que sabiam do segredo, ao fazer a lista das peças que deveriam ser removidas, mencionou a Lança de Mauritius, aliás, o nome oficial da peça. Acontece que, entre as peças históricas do Reich, havia uma relíquia de nome parecido, ou seja, "A Espada de Mauritius", e esta foi a peça transportada, e não a Lança de Longinus. Na Confusão que se seguiu, ninguém mais deu pelo engano, e o oficial que o cometeu, um certo Willi Liebel, suicidou-se pouco antes do colapso total do Reich. A essa altura, Nüremberg não era mais que um monte de ruínas e, por outro estranho jogo de "coincidências", um soldado americano. Perambulando pelas ruínas, descobriu um túnel que ia dar em duas portas enormes de aço com um mecanismo de segredo tão imponente como o das casas-fortes dos grandes bancos mundiais. Alguma coisa importante deveria encontrar-se atrás daquelas portas. E assim, às 14h10m do dia 30 de abril de Naquele mesmo dia, como se em cumprimento de misterioso desígnio, Hitler suicidou-se nos subterrâneos da Chancelaria, em Berlim. Como ficou dito atrás, a Lança de Longinus encontra-se novamente no Museu Hofburg, Vejamos, para encerrar, algumas considerações de ordem doutrinária. Haverá mesmo algum poder mágico ligado aos chamados talismãs? Questionados por Allan Kardec ( perguntas Continuando, porém, a linha do seu pensamento, Kardec insistiu, com a pergunta 554, formulada da seguinte maneira: Não pode aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a virtude de um talismã, atrair um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança, visto que, então, o que atua é o pensamento, não passando o talismã de um sinal que apenas lhe auxilia a concentração? É verdade - respondem os Espíritos – mas da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos depende a natureza do espírito que é atraído. Os destaques são meus e a resposta à pergunta 554 prossegue, abordando outros aspectos que não vêm ao caso tratar aqui. Nota-se, porém, que os espíritos confirmaram que os chamados talismãs servem de condensadores de energia e vontade, e podem, portanto, servir de suporte ao pensamento daquele que deseja atrair companheiros desencarnados para ajudá-lo na realização de seus interesses pessoais. Disseram mais: que os Espíritos atraídos estarão em sintonia moral com aqueles que os buscam, ou seja, se as intenções e os sentimentos forem bons, poderão acudir Espíritos bondosos; se, ao contrário, as intenções forem malignas, virão os Espíritos inferiores. Por toda parte, no livro de Trevor Ravenscroft, há referências repetidas de que duas ordens de Espíritos estão ligadas à mística da Lança de Longinus: os da luz e os das trevas, segundo as intenções de quem os evoca. Além disso, é preciso lembrar que os objetos materiais guardam por milênio a fora, certas propriedades magnéticas, que preservam a sua história. Essas propriedades estão hoje cientificamente estudadas e classificadas como fenômenos de psicometria, tão bem observados, entre outros, por Ernesto Bozzano. Médiuns psicômetras, em contato com objetos, conseguem rever, às vezes com notável nitidez, cenas que se desenrolaram em torno de algum objeto tocado. A peça de ferro deve estar altamente magnetizada pelos acontecimentos de que foi testemunha, desde que foi forjada alhures nos tempos bíblicos, passando pelo momento do Calvário, diante do Manso Rabi agonizante, até que Hitler a perdeu em abril de 1945. Seja como for, a peça reúne em torno de si uma longa e trágica história, tão fascinante que tem incendiado, através dos séculos, a imaginação de muitos homens poderosos e desatado muitas paixões nefandas. E, como explicaria os Espíritos a Kardec, não é a Lança por si mesma que move os acontecimentos, é o pensamento dos homens que se concentram nela e querem a todo preço fazer valer o poder que se lhe atribui. Nisso, ela é realmente um talismã. Ainda uma palavra antes de encerrar. É certo que Hitler foi médium dedicado e desassombrado de tremendos poderes das trevas. Esses irmãos desarvorados, que se demoram, por milênios sem conta, em caliginosas regiões do mundo espiritual, por certo não desistiram da aspiração de conquistar o mundo e expulsar a luz para sempre, se possível. Tudo farão para obter esse galardão com o qual sempre sonharam, muito embora a nós outros não nos assista o direito de duvidar de que lado ficará a vitória final. Nesse ínterim, porém, valer-se-ão de todos os meios, de todos os processos, para alcançarem seus fins. É claro, também, que não se empenham apenas no setor político-militar, por exemplo, como Hitler, mas também procuram conquistar organizações sociais e religiosas que representem núcleos de poder. É evidente a obra maligna e hábil que se realizou com a Igreja, infiltrando-a em várias oportunidades e em vários pontos geográficos, mas sempre nos altos escalões hierárquicos, de onde melhor podem influenciar os acontecimentos e a própria teologia. O movimento espírita precisa estar atento a essas investidas, pois é muito apurada a técnica da infiltração. O lobo adere ao rebanho sob a pele do manso cordeiro; ele não pode dizer que vem destruir, nem pode apresentar-se como inimigo; tem de aparecer com um sorriso sedutor, de amizade e modéstia, uma atitude de desinteresse e dedicação, um desejo de servir fraternalmente, sem condições, e inicialmente, sem disputar posições. Muitas vezes, esses emissários das sombras nem sabem, conscientemente, que estão servindo de instrumentos aos amigos da retaguarda. A sugestão pós-hipnótica foi muito bem aplicada por Espíritos altamente treinados na técnica da manipulação da mente alheia. É a utilização da fraqueza humana de que falava Hitler. A estratégia é brilhantíssima e extremamente sutil, como, por exemplo, a da "atualização" e da "revisão" das obras básicas da Codificação, a da criação de movimentos paralelos, o envolvimento de figuras mais destacadas no movimento em ardilosos processos de aparência inocente ou inócua. Estejamos atentos, porque os tempos são chegados e virão, fatalmente, vigorosas investidas, antes que chegue a hora final, numa tentativa última, desesperada, para a qual valerá tudo. Muita atenção. Quem suspeitaria de Adolf Hitler, quando ele compareceu, pela primeira vez, a uma reunião de meia dúzia de modestos dirigentes de partido? Para saber mais (1) Estranha era a personalidade do futuro chefe nacional do nazismo, e duas pessoas, pelo menos, o conheceram bem nesses anos de formação e busca. Um deles chamou-se August Kubizek e escreveu um livro sob o título “O jovem Hitler – A história de nossa amizade”; outro foi Walter Johannes Stein, cientista e doutor em filosofia, nascido em Viena e que mais tarde emigrou para a Inglaterra, onde morreu. A personalidade de Hitler parece oferecer inesgotável manancial de sugestões para os mais variados temas. Poucos livros, no entanto, serão tão fascinantes como “The Spear of Destiny” ( A Lança do Destino), do escritor inglês Trevor Ravenscroft, amigo pessoal do Dr. Stein, jornalista e professor de História em Londres e Edinburgh. Ravenscroft estudou o assunto Hitler durante 12 anos, parte dos quais sob a orientação do Dr. Stein. Seu livro é, pois, um documentário e não uma narrativa romanceada. Não é fácil escolher, em obra tão densa e rica, o material a ser comentado num mero artigo como este. Tentaremos. O Dr. Walter Johannes Stein exerceu, na Inglaterra, o elevado cargo de Assessor Especial do Primeiro Ministro Winston Churchill para assuntos relacionados com a personalidade de Hitler. Além de sua vasta cultura, era homem de excelentes padrões morais. Para saber mais (2) Segundo conta Ravenscroft, a lança teria sido forjada por ordem do antigo profeta Finéias* para simbolizar os poderes mágicos inerentes ao sangue do povo eleito. A lança já era, pois, antiga, quando Josué a teria nas mãos, ao ordenar aos soldados que emitissem aquele som terrível que fez ruir os muros de Jericó. Diz-se que essa mesma lança o rei Saul atirou sobre o jovem David num impulso de cólera e ciúme. Herodes, o Grande, também teve em seu poder esse talismã, quando determinou o massacre das crianças. Foi como mandatário de seu sucessor, Herodes Antipas, que governou do ano 4 antes do Cristo até 39 da nossa era, que um oficial empunhou a lança, como símbolo da autoridade, com ordens de quebrar as pernas de Jesus crucificado. Ao chegar à cena o contingente de guardas do templo, os soldados romanos deram às costas, enojados, enquanto os vassalos do Sumo-Sacerdote quebravam o crânio e as pernas dos dois ladrões sacrificados lateralmente ao Cristo. Gaius Cassius era, ao que apurou Ravenscroft, de origem germânica e foi afastado do serviço ativo por causa da catarata que atacou seus olhos. Enviado a Jerusalém, ali ficou como observador dos movimentos políticos e religiosos da Palestina. Durante dois anos, acompanhou a atividade de Jesus e, depois, seguiu o doloroso processo da execução do profeta, que diziam ameaçar a autoridade de Roma. Impressionou-o a coragem e a dignidade com que o jovem pregador suportou o seu martírio. Por outro lado, entendiam os sacerdotes ser indispensável mutilar seu corpo, pois era absolutamente essencial desmentir sua condição de Messias, uma vez que, segundo as escrituras, seus ossos não seriam quebrados (João 19:33). Gaius Cassius tão impressionado ficou com o tétrico espetáculo, de um lado, e com a grandeza do Cristo, de outro, que resolveu impedir que Jesus também fosse mutilado. E, assim, esporeou o cavalo na direção da cruz central e trespassou o tórax do crucificado, entre a Quarta e a Quinta costela, procedimento costumeiro dos soldados romanos quando desejavam verificar se o inimigo ferido no campo de batalha estava realmente morto. Não se sabe ao certo se Cassius tomou a lança da mão do comandante judeu, que a trazia em nome de Herodes, ou se usou sua própria lança. De qualquer forma, a legenda se criou e se consolidou. Gaius Cassius se converteu ao cristianismo e passou a chamar-se Longinus, nome com que continuou sua carreira através dos séculos. E a arma ficou sendo conhecida como a lança de Longinus. Diz-se dela que representa um talismã de poder tanto para o bem como para o mal, mas ao que parece, somente tem sido usada como instrumento de conquista e opressão, pois, pertenceu depois, a Mauritius, comandante da Legião Tebana, que, com ela nas mãos, morreu martirizado por ordem de Maximiniano, ao se recusar a adorar os deuses pagãos. Em solidariedade ao chefe, que morreu cristão, seus 6.666 legionários também se recusaram, ajoelharam-se e ofereceram o pescoço à espada. Maximiniano decidiu pelo espantoso massacre, como oferenda aos seus deuses. Assim, a mais valorosa legião romana daquele tempo foi sacrificada numa chacina sem precedentes na História antiga. Seria impossível retratar toda a história da lança, mas sabe-se que ela esteve em poder de Constantino, Teodósio, Alarico, Ecius, Justiniano, Carlos Martelo, Carlos Magno, Frederico Barba-Roxa e Otto, o Grande. Em que outras mãos teria ela estado e a que propósitos inconfessáveis serviu através do tempo? É certo, no entanto, que quem a cobiçava naquela fria tarde de outono, em Viena, era um jovem que tinha a impressão viva de tê-la já possuído alhures, no tempo e no espaço. * Não sei se é esse o Finéias, filho de Eleazar, mencionado em Números 25:7 e Juizes 20:28 ( nota do autor). Hermínio C. de Miranda Artigo extraído da revista Reformador, mensário religioso de espiritismo cristão, dos meses de abril e maio de 1976, publicação da FEB – Federação Espírita Brasileira. |
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