sexta-feira, 31 de outubro de 2008

As Inesquecíveis Reuniões de Estudo do "Livro dos Médiuns"


          Nestas saudosas reuniões de estudos  realizadas no Centro Espírita "Filhos da Luz"; eu e alguns poucos companheiros pudemos ao longo de vários anos,  desfrutar da sábia companhia deste instrutor lúcido, paciente  e abnegado.
          Nesta foto, do arquivo particular de M.A. Teixeira, vemos o Mestre Joel Alves de Oliveira(de camisa branca), orientando seus discípulos.


sábado, 25 de outubro de 2008

A Humanidade de Jesus

          Diz Pedro, mui judiciosamente, em sua 2ª Epistola (1:20), que "nenhuma profecia da escritura provém de particular elucidação". Emmanuel esclarece o óbvio, ensinando que isto significa que não podemos, nem devemos, nós, as criaturas humanas, interpretar a "revelação" a nosso belprazer, de acordo com nosso ponto-de-vista, submetendo-a a um leito-de-Procusto, "ajeitando-a" a nosso raciocínio. O critério a se aplicar, em matéria de interpretação escriturística, é em primeiro lugar e acima de tudo, o do bom-senso.
          Como não existem duas espécies de bom-senso, segue-se que, através dele, chegaremos à verdade. Acodem-nos tais considerações, quando se nos deparam passagens evangélicas cuja interpretação poderá levar-nos a incoerências, contradições e até a absurdos doutrinários - se não pusermos o bom-senso para funcionar. (É claro que não particularizamos os EVANGELHOS: - A Bíblia, como um todo, obedece ao mesmo critério.)
          Analisemos, por alto, algumas dessas passagens, por exemplo, que atribuem, ou insinuam, a "humanidade" de JESUS,  ou seja: - Passagens que, interpretadas, de um modo "particular", poderiam levar a crer que o CRISTO foi um "ser humano", como nós-outros.
          Em João(2:4), nas "Bodas de Caná", dirigindo-se a Maria, diz ele: "- Mulher, que tenho eu contigo?", ora palavras tais, na boca daquele mesmo que nos ensinou a honrar pai e mãe, parece-nos, no mínimo, estranhas. Deixarão de sê-lo, entretanto, se as "interpretarmos", como significativas de que Maria, naquele instante, estava "interferindo", em função de seu livre-arbítrio, na obra dele - tanto que replica: - "Ainda não é chegada minha hora" - o que corrobora nossa "interpretação". Ainda em João (4:32), respondendo ao discípulos, que lhe rogavam comesse, disse Jesus: "- Uma comida tenho para comer que vós não conheceis. A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou" - v.34). Estranhas palavras, em verdade, se imaginarmos que o Cristo queria dizer, assim falando, que ele se alimentava de modo diferente dos outros homens. No entanto, se compreendermos que ele insinuava que tinha necessidade de alimentação material, como a nossa - porque diversa da nossa era a sua constituição - as coisas ficam claras.
          Em Lucas (1:26/35), tem-se, segundo nossa "interpretação", a mais evidente  comprovação da "não-humanidade" de Jesus! Maria "desposada" de José, é visitada por um anjo que lhe informa que "conceberá e dará à luz um filho"; perplexa com a insólita notícia, inquire a virgem: - " Como será isto pois não conheço varão algum?" E o anjo lhe responde: - "Descerá sobre ti o espírito-santo, e o poder do ALTÍSSIMO te envolverá com a SUA SOMBRA". E Maria engravidou, dando à luz seu filho (Lucas 2:5/7).
          Concluímos, face ao que foi exposto, que a gestação e o parto de Maria foram fenômenos inabituais, aqui na Terra, uma vez que, em  mundos elevados são fenômenos habituais. Quando os espíritos superiores responderam a Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", pergunta nº 200, que os espíritos não têm sexo, "como o entendemos", estavam dizendo, implicitamente, que eles, os espíritos, possuem um processo de geração diverso do nosso, aqui da Terra. A "geração" de Jesus se processou dessa forma. Por isso, a denominamos "inabitual". 
          Ainda em Lucas, (5:1/11), mais um fato que evidência a "não-humanidade" do Cristo. Os discípulos exaustos e frustrados retornavam a terra, pois haviam "passado toda a noite trabalhando e nada haviam apanhado", segundo testemunho de Simão Pedro. Jesus ordena-lhes lançar as redes "ao largo", eis que os desenganados pescadores  apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam; em João (21:11), acontece fato semelhante, Jesus já ressuscitado orienta quanto ao local onde os discípulos deveriam lançar as redes, novamente é tamanha a quantidade, neste caso 153 grandes peixes, que até falta-lhes forças para recolher as redes ao barco. Tal fenômeno espírita é denominado dupla-vista, isto é, a visão além dos limites normais da mesma, em Jesus era natural, espontâneo - como  aliás, todas as demais faculdades psíquicas, em decorrência de sua natureza de elevadíssima pureza.
          Em Marcos (6:45/52)), outro fato surpreende, que induz à "não-humanidade" de Jesus: - Determina ele que os discípulos entrem no barco, e se dirige para os lados de Betsaida; tarde da noite, observando que eles se achavam em dificuldades, pois contrários eram os ventos, eis que se dirige para eles, caminhando sobre o mar!... O fato era realmente insólito, a ponto dos discípulos julgarem estar vendo um fantasma...Jesus acalma-os, sobe para o barco e, coisa estranha! cessa o vento e o mar  se torna plácido...Mateus, (14:28/31), acrescenta um pormenor, que assinala, para quem tem "olhos de ver", a  diversidade da natureza corporal, entre o CRISTO e o discípulo Pedro, ao narrar que este pede ao Mestre que o mande também "caminhar sobre as águas", e ao fazê-lo, dentro em pouco soçobraria, não fora o pronto amparo de Jesus, que o admoesta, numa lição que, em verdade, é para todos nós: -" Homem de pequena fé, por que duvidaste? Sabemos que o fenômeno físico, denominado "levitação", explica satisfatoriamente este evento. 
          dada a natureza "não-humana" de Jesus, no entanto, a sutileza de seu corpo esclarece-nos o que muita gente, inclusive os próprios discípulos, faz pensar em milagres e fantasmas...
         Como poderia proceder de outro modo, um ser que viera a este mundo, "gerado pelo espírito-santo, e envolvido pelo poder do ALTÍSSIMO"?

JOEL ALVES DE OLIVEIRA
ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO PERIÓDICO " O 3 DE OUTUBRO", Nº 41 DE JANEIRO DE 2005.
          

domingo, 19 de outubro de 2008

Inintelligibilia

Pensas que pensas, mas, de fato, nada pensas,
Quando te ocupas, homem, em conceituar,
Dentro da tua lógica e razão pretensas,
De DEUS a infinitude e a noção sem par!

Como, na pobre mente humana, enclausurar
Transcendentais conceitos e noções imensas,
Que, necessaramente, hão de extrapolar
Filosofia, Ciência e a multidão das crenças?!...

Homem! Não busques DEUS, nas vias deste mundo,
Onde a tua visão, de tudo quanto existe,
É a de um pobre cego, que tão só tateia...

Há de senti-lo, sim, no vasto mar profundo,
Na ave, na flor, nos céus, numa lágrima triste,
Ou num pequeno grão, minúsculo de areia!

AUTOR: JOEL ALVES DE OLIVEIRA
ABRIL DE 1984




"Sem Pai, Sem Mãe, Sem Genealogia..."

          Melquisedeque é uma figura bíblica da máxima importância! De onde lhe vem tão grande mérito? O espírita - principalmente o espírita! sabe muito bem de onde lhe vem o mérito: Da excepcionalidade de seu envoltório físico, ou seja: de seu corpo!
          Reza o Gênese (14: 18ss) que Melquisedeque era rei de Salém (jerusalém), e que era "sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem principio de vida, nem fim de existência"...
          Tal expressão, para os espíritas fluidicistas, isto é: para aqueles que aceitam a doutrina do corpo fluídico de Jesus, significa, pura e simplesmente, que Melquisedeque, em função de sua grande elevação espiritual, encarnou-se num corpo fluídico, ou seja: Num corpo de contextura muito diversa da dos corpos do homem comum aqui na terra! A obra de Jean-Baptiste Roustaing - contemporâneo, patrício e correligionário de Allan Kardec - "Os Quatro Evangelhos" estuda o assunto em profundidade! Kardec, rapidamente, em "O Livro dos Médiuns" (125) e, mais desenvolvidamente, em o número 1, da Revista Espírita de janeiro de 1858, também trata do caso,  no artigo intitulado "Agêneres". Nestas duas fontes, da máxima autoridade, verifica o estudioso (o estudioso!) que "agênere", como a própria etimologia da palavra sugere, é o ser humano, que não foi gerado, pelos meios convencionais, pela conjunção carnal homem/mulher. 
          O fenômeno, ainda inabitual, na terra, é perfeitamente normal, em mundos elevados, e não constitui, como muita gente pensa, um privilégio! A pergunta 200 (e seguintes),  de "O livro dos Espíritos" induz a isso. Melquisedeque, espírito elevadíssimo, foi um "agênere, e não só ele: em o "Livro de Tobias",  vamos encontrar caso idêntico, na figura do Anjo Rafael, que protagoniza o relato.
          Paulo, na I Epístola aos Coríntios (1 Co 15:39s), diz, textualmente, que "Há corpos celestes, e corpos terrestres"...Na epístola aos Hebreus (7:1,3 e 6), este mesmo apóstolo refere-se a Melquisedeque, dizendo que revestiu um corpo semelhante ao do Cristo! Allan Kardec,  como consta nas páginas 188 a 190 da Revista Espírita, de junho de 1860, não condenou, em absoluto, a tese do corpo fluídico de Jesus, como alguns pretendem fazer crer dizendo, apenas, que aguardava, do tempo, a confirmação da mesma! Bezerra de Menezes, "O Kardec Brasileiro", chamou aquela doutrina, "Doutrina de Luz" ! Antônio Luiz Sayão, luminar do espiritismo, escreveu um livro: "Elucidações Evangélicas", no qual reexpõe, com meridiana clareza a obra de Roustaing.
          Em face disso, aqueles que não "aceitam" a doutrina, ou tese do corpo fluídico de Jesus - 
e às vezes o fazem, encarniçadamente! - muito se assemelham, a nosso juízo, àqueles outros que não admitem que os mundos (com exceção da terra é lógico, "para eles"!) possam ser habitados, uma vez que neles não se apresentam as mesmas condições de vida e habitabilidade que a Terra oferece... Involuntariamente, somos levados a lembrar o velho Galileu: "Epur se muove"...respondendo, em surdina aos "sábios" que, do alto de suas tamancas, negavam que nosso mundinho girava em torno do Astro-Rei...
AUTOR: JOEL ALVES DE OLIVEIRA
PUBLICADO ORIGINALMENTE: "O 3 DE OUTUBRO" Nº 18 - FEVEREIRO DE 2000
NA CIDADE DE BARRA MANSA - RJ.