domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Menino Jesus no Templo


O Menino Jesus no Templo

 

Lucas foi o único evangelista a registrar a presença de Jesus, aos doze anos, assentado no meio dos mestres, no templo de Jerusalém, ouvindo-os e interrogando-os, conforme relata no capítulo 2 do seu evangelho. Quase dezenove séculos depois, em Paris, o pintor francês Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867) iria imortalizar na tela a famosa passagem evangélica.

Era o ano de 1862. Mal sabia ele que, no recesso de seu ateliê, enquanto pincelava em silêncio a tela que ficaria mundialmente conhecida como “Jesus entre os Doutores”, estava sendo observado por um espírito que também fora pintor quando encarnado, chamado Davi, provavelmente o mestre do classicismo que lhe ensinara, em 1797 — quando Ingres contava apenas 17 anos —, os rudimentos de sua bela arte(1).

Esse acontecimento ensejaria a publicação de uma bela página na Revista Espírita de junho de 1862(2).

Allan Kardec informa, nessa página, que a Srª. Dozon, sua colega da Sociedade Espírita de Paris, recebeu uma comunicação espontânea em casa, em nove de abril do citado ano, de uma entidade que assinou o nome “Davi, pintor”.

Reportando-se ao tema evangélico “O menino Jesus encontrado por seus pais pregando no Templo, entre doutores”, disse o espírito que este foi o motivo de uma tela inspirada a um dos maiores pintores daquele tempo. Nesse quadro, onde brilhava “[...] a luz que Deus dá às almas para as esclarecer e as conduzir às regiões celestes [...]”, o artista executara, inconscientemente, uma ordem da suprema vontade. E da multidão que o contemplasse depois de pronto, parando emocionada diante dessa figura do Jesus menino, mais de um coração seria conduzido ao pé da cruz.

O comunicante antecipa que tudo merece ser admirado na obra-prima de Ingres:

Vós o apreciareis um dia; eu vi as primeiras pinceladas sobre            essa tela bendita. Vi surgirem, uma a uma as figuras, as poses dos doutores; vi o anjo protetor de Ingres, inspirando-o, fazer cair os pergaminhos das mãos de um desses doutores. Meu Deus, aí se encontra toda uma revelação! Essa voz de criança destruirá também, uma a uma, as leis que não são suas. (Op.Cit.)

 

Kardec Opina

 

Nem a médium nem seu marido tinham ouvido falar deste quadro. Dos artistas consultados, nenhum tomara dele conhecimento. O ditado mediúnico poderia ser, portanto, uma mistificação. A melhor maneira de esclarecer a dúvida seria procurar pessoalmente o artista, para saber se ele se ocupara do assunto. Dessa missão foi incumbido o Sr. Dozon. Ao entrar no ateliê, viu o quadro recém acabado, com as tintas frescas, ainda desconhecido do público. E o mais notável de tudo é que a revelação espiritual era de uma exatidão admirável: tudo estava ali retratado, exatamente como o espírito dissera.

Quando o quadro foi exposto numa sala do Boulevard des Italiens, o eminente codificador do espiritismo foi vê-lo e admirá-lo, registrando mais tarde, que ele representava uma das páginas mais sublimes da pintura de seu tempo. “[...] Mas o que dele faz uma obra-prima invulgar é o sentimento que aí domina, a expressão, o pensamento que brota de todas essas figuras, sobre as quais é possível ler a surpresa, a estupefação, a comoção, a dúvida, a necessidade de negar, a irritação por se ver abatido por uma criança. Tudo isto é tão verdadeiro, tão natural, que começamos a pôr em cada boca. Quanto à criança, é de um ideal que deixa muito para trás tudo quanto já foi feito sobre o mesmo assunto. Não é um orador que fala aos seus ouvintes; nem mesmo os olha: nele adivinhamos o órgão de uma voz celeste.” (Op. Cit)

Consultado o pintor revelou “que não tinha composto esse quadro em condições ordinárias; disse tê-lo começado pela arquitetura [...]”, o que não era de seu feitio, e que as várias personagens que o compõem vinham posicionar-se espontaneamente sob seu pincel, sem que houvesse premeditação de sua parte para esse arranjo.

 

Triunfo do Espiritualismo

 

Quando o fato foi relatado na Sociedade Espírita de Paris, o espírito Lamennais se manifestou para dizer “[...] que a espiritualidade e os movimentos da alma constituem a fase mais brilhante da arte [...]”. Revelou ainda que, “[...] em sua obra, Ingres não só nos mostra o estudo divino do artista, mas, também, a sua mais pura inspiração [...], a idealidade haurida na natureza simples, verdadeira e, por conseguinte, bela em toda a acepção do termo [...]”. E conclui:

[...] Nós os espíritos, aplaudimos as obras espiritualistas, assim como censuramos a glorificação dos sentimentos materiais e de mau gosto. É uma virtude sentir a beleza moral e a beleza física nesse ponto; é a marca certa de sentimentos harmoniosos, no coração e na alma; e, quando o sentimento do belo se desenvolve a esse ponto, é raro que o sentimento moral também não o seja. É um grande exemplo o desse velho de oitenta anos que, no seio de uma sociedade corrompida, representa o triunfo do espiritualismo, com o gênio sempre jovem e sempre puro da fé. (Op.Cit)

Pesquisando na internet tivemos o imenso prazer de localizar a famosa tela de Ingres. A sensação de estar contemplando o mesmo quadro que suscitou tanta admiração em Kardec, levou-nos à composição do seguinte poema:

                           

 

Jesus entre os doutores

 

Ei-lo no templo, Jesus, um menino,

Dando aos Doutores a excelsa lição,

E sobrepondo à humana argüição

A intensa luz de seu Verbo Divino.

 

     Na face deles é enorme a emoção,

     Em cada olhar há surpresa ante o ensino;

     Vede que tomba das mãos dum rabino

     A antiga lei de Moisés pelo chão!

 

Entre uma e outra sutil pincelada,

Ingres medita e, de alma inspirada,

Susta no ar o pincel em fulgores...

 

     Mas finda a obra e desfeito esse espanto,

     A tela mostra, sublime, o encanto

     Do Cristo jovem pregando aos doutores.

 

                                                                           Mário Frigéri (autor do artigo e do poema)

 

Extraído do Reformador, mensário religioso de espiritismo cristão, do mês de setembro de 2007 — Ano 125 ● nº. 2.142.

(1)        Gênios da Pintura. Neoclássicos, Românticos e Realistas. Abril Cultural, 1980. pág. 117/118.

(2)        Kardec, Allan. Revista Espírita. 2ª edição, Rio de Janeiro: FEB, 2006. Junho de 1862, pág. 246/250.

 Nota da Redação do Blog: A cópia do famoso quadro "Jésus Parmi les Docteurs" de Ingres foi conseguido no site: www.culture.gouv.fr

De onde extraímos os seguintes dados técnicos: Titre: Jésus Parmi les Docteurs

Période: 3e quart 19e siècle

Dimensions: Hauteur: 265 cm, Largeur: 320 cm;

Restauration: En 1967.

 

 

 

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Transcomunicação Instrumental

Transcomunicação Instrumental

 

Cada vez mais, a existência do mundo espiritual vai sendo constatada indiscutivelmente. Numa reafirmação de que a Doutrina Espírita está com a verdade, ao comprovar, desde 1857, através de O Livro dos Espíritos, início da Codificação Kardequiana, que há vida após a chamada morte.

Ensinando-nos, ainda, haver do “outro lado” seres inteligentes, capazes de entrar em comunicação conosco, os encarnados, e vice-versa. Comunicações essas, como sabemos, feitas através dos chamados médiuns.

Atualmente, porém, um grupo de cientistas americanos e europeus, com ajuda da própria espiritualidade, está criando aparelhos eletrônicos com capacidade de permitir conversação com essas entidades espirituais e mostrá-las em telas de TV!

Nos Estados Unidos, por exemplo, o engenheiro George William Meek fundou e presidiu a Metaciense Foundation, com sede em Franklin, onde se estuda a criação, cada vez mais aperfeiçoada, de um sistema de comunicação verbal, em dois sentidos, com o plano espiritual.

Assim sendo, em 1971, este engenheiro, com a ajuda de seus auxiliares, Paul Jones e Hans Heckmann, montaram um laboratório com está específica finalidade. E os resultados têm sido os melhores.

O referido sistema de intercomunicação entre vivos e “mortos” baseia-se no já existente: são gravadas, em fitas magnéticas, as vozes dos desencarnados, denominado EVP — Eletronic Voice Phenomenon. Porém, só após seis anos de estudos, em 27 de outubro de 1977, foi que o técnico eletrônico William John O’ Neil, ligado à Metaciense Foudation, conseguiu, pela primeira vez no mundo, obter uma conversação, através de aparelhos eletrônicos, com um ser espiritual que se denominou Doc Nick, médico americano, falecido em 1973. Cinco anos após, em 1978 , conseguiu-se uma outra comunicação, desta vez com o falecido Dr. George Jaffries Mueller, que, da espiritualidade, orientou a William J. O’Neil no aperfeiçoamento do anterior aparelho, criando o Spiricom-Mark – IV, com o qual foram feitas, inicialmente, 20 horas de conversação com os espíritos.

De lá para cá, e, principalmente, em vários países da Europa, tem havido rápido progresso na chamada transcomunicação instrumental, obtendo-se a captação em vídeo, de imagens de pessoas falecidas e considerável número de fotografias do plano espiritual, como as conseguidas por Klaus Schreiber, já desencarnado, e Martin Wenzel, na Alemanha, recebendo-as através de aparelhos de TV, equipados com feed-back.

Por sua vez, o Dr. Rainer Holbe, diretor da Rádio Luxemburgo, escreveu uma obra intitulada Imagens do Distante Reino dos Mortos, onde são mostradas cerca de duas dúzias de fotos de pessoas falecidas, agora na espiritualidade, feitas pelo Spiricom-Mark-IV.

Um outro famoso pesquisador europeu é o alemão Hans Otto Koenig, que, com o aparelho de sua invenção, um Spiricom a Ultrasom, consegue selecionar grupos de sentenças completas, nas conversações com os espíritos, quando anteriormente só se conseguiam algumas palavras ou curtas frases.

Essas e demais pesquisas vêm sendo feitas na tentativa de, através da transcomunicação instrumental com o plano espiritual, conseguir-se, por esse meio, não só entrar em contato com os espíritos, como provar, aos céticos e incrédulos, que a espiritualidade existe e habita as outras casas do Pai, como, há dois mil anos, ensina-nos Jesus. E que podemos vê-los como se estivéssemos assistindo a programas de televisão. Quem viver, verá.

Isso será mais uma prova incontestável de que nós, os espiritistas, sabemos que os espíritos são obra de Deus, “seres inteligentes da criação”, e que “povoam o universo, fora do mundo material” conforme ensina O Livro dos Espíritos (Parte Segunda, cap. I, questão 76).

                                                                                   Rildo G. Mouta

Extraído do “Reformador” mensário da Federação Espírita Brasileira, mês de fevereiro de 2006 — Ano 124 — nº. 2.123.

 

● A redação do blog ao transcrever este artigo, o faz pelo grande interesse que o assunto trasnscomunicação costuma despertar. Porém, alinhados como estamos as idéias contidas no “Atalho”, ressaltamos nossa prudência com relação aos resultados obtidos e ao futuro deste método de comunicação com os desencarnados.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Outras Pérolas Junqueirianas

Outras pérolas junqueirianas

 

 

O homem, crisálida do anjo, foi monstro e planta e verme e rocha e onda; foi nebulosa, foi gás impalpável, foi éter invisível. Articulou todas as línguas, e delas conserva, obscuramente, vagas memórias dormitando.

 

Extraído da revista “Ocidente”, a redação do blog extraiu do “Reformador” de fevereiro de 1951.

Tudo é Atração

Tudo é atração

 

Tudo é magnetismo no campo universal.

A gota dágua obedece aos imperativos da afinidade química, os sóis se harmonizam através da atração, dentro das leis cósmicas.

Imantamo-nos uns aos outros, pelos laços do amor ou do ódio, e pelo perdão ou pela vingança, algemamo-nos mutuamente.

Em razão disso, imaginar é centralizar energias na direção dos objetivos que nos propomos alcançar.

Quem ama e ajuda, acende claridade sublime.

Quem odeia e perturba, arremessa treva espessa para fora de si.

Nessa cadeia de manifestações de nossa vontade, todos nós magnetizamos pessoas e situações e elementos, nas vibrações de nosso propósito atuante, para trazê-los ao nosso círculo pessoal.

Será o amanhã, segundo idealizarmos hoje, tanto quanto hoje é o reflexo de ontem.

A mente estende fios vivos em todos os lugares por onde transitam os interesses que lhe dizem respeito, e, através destes fios potentes e milagrosos, apesar de invisíveis, atingimos a concretização dos mais recônditos intentos.

Mentalizando, o homem sobe ao céu ou desce ao inferno, porque nós mesmos, segundo as diretrizes ocultas que preferimos, nos elevamos às culminâncias da luz ou nos arremessamos aos despenhadeiros da sombra.

Guarde, pois, cauteloso, a fonte dos seus pensamentos que, a cada minuto, se fazem agentes ativos de suas deliberações no bem ou no mal, onde o seu espírito estiver trabalhando.

Toda criatura emite e recebe eflúvios e ondas de criação, renovação e destruição, no campo das idéias, porquanto a idéia é a força plástica, exteriorizante e inextinguível da alma eterna, no infinito do espaço e do tempo.

De acordo com os projetos que você apresentar à vida, a vida, que é a gloriosa manifestação de Deus, responderá a você com as realizações desejadas.

Subir e descer, esperar ou desesperar, lucrar ou perder, melhorar ou piorar, crescer ou reduzir, avançar ou estacionar resulta de nossa atitude interior.

Vigie o pensamento e a vontade, para que se desenvolvam e marchem, dentro dos moldes do ilimitado Bem, e jamais se arrependerá, porque o próprio Cristo ensinou, de viva voz, que:      “o homem possui o seu tesouro onde guarda o coração.”

 

Ismael Souto

Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião da noite de 11 de Abril de 1950.

Extraído do “Reformador”, mensário religioso de espiritismo Cristão do mês de fevereiro de 1951.