Um dia destes assistindo um programa de televisão, estava presente o Pe. Marcelo Rossi, ele dissertava sobre a necessidade da união e da fraternidade entre as religiões, do ecumenismo, do entendimento e num ato fraterno estendeu a mão em direção de um dos apresentadores e disse: “(...) fulano é espírita!” ao que o rapaz imediatamente retrucou: “espírita, não, espiritualista”; o padre fez um pequeno gesto de surpresa e seguiu com sua dissertação.
Certamente o citado rapaz disse tudo e não disse nada, pois como bem sabemos espiritualismo é a “doutrina que admite, quer quanto aos fenômenos naturais, quer quanto aos valores morais, à independência e o primado do espírito com relação às condições materiais.” Ora, por princípio, todas as religiões são espiritualistas: cristãos, budistas, muçulmanos e outras tantas; à exceção do materialismo e de seu irmão, o ateísmo, duas incongruências filosóficas.
Neste momento refleti sobre a importância da questão semântica, pois, a mesma pode nos precipitar em péssimos lençóis quando o assunto é filosofia.
Por este motivo o mestre Allan Kardec, filólogo que era, e conhecendo que os termos espiritualismo, espiritualista, já possuíam acepção assaz conhecida, teve o cuidado de criar os neologismos ESPIRITISMO, ESPÍRITA, para designar de modo claro os termos da nova ciência.
Esta questão semântica nos projeta hoje em dia a um assunto de igual complexidade, a forma com que se apoderaram do termo os adeptos de outras doutrinas espiritualistas, quer sejam os umbandistas ou outras correntes semelhantes. No momento que auto-denominam-se espíritas, criam na cabeça das pessoas pouco afeitas ao assunto uma confusão muito grande. Daí a saída muito usada hoje pelos espíritas: Kardecismo, Kardecista, que nada mais é que usar de um subterfúgio para haver uma distinção mais clara de pensamento filosófico.
Além da questão semântica existe uma enorme diferença entre as práticas do mediunismo, para as práticas espíritas; o mediunismo é um fenômeno que pode ocorrer no ambiente de qualquer igreja, seja evangélica, nesta o fenômeno se dá em abundância; seja no Catolicismo ou na Umbanda, mas não é Espiritismo.
O Espiritismo é uma doutrina organizada por Allan Kardec a partir de 1857, com a publicação da primeira edição de “O Livro dos Espíritos”, onde de forma clara e objetiva trata de todas as grandes questões que atormentaram o pensamento filosófico de todos os tempos, oferecendo respostas racionais e claras.
No Espiritismo não há dogmas de fé, não há rituais, não há indumentárias especiais. A única exigência que o mesmo nos faz é por uma mudança intima legitima, verdadeira e para que nos espelhemos de forma absoluta em Jesus.
M. P de Oliveira.
2 comentários:
Acredito que as pessoas ao se preocuparem com a definição sobre qual doutrina estão enganjadas, esquecem-se de que o fundamento é único e que talvez nos torne sempre tão distantes dele, que é entender o que Jesus veio nos ensinar. Deixou-nos o amor fraterno, um legado simples, mas ininteligível até hoje entre nós.
Gostei muito do esclarecimento porque conheço algumas pessoas que se dizem espíritas e ao serem indagadas sobre Kardec elas nada respondem, muito embora façam sacrifício de animais, que não tem nada a ver com o verdadeiro espiritismo.
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