Fatalidade
Frequentemente, devido ao grande trânsito de pessoas a deslocarem-se por municípios diversos, estados e países, conduzidos pelos mais diversos meios de transporte. Ou ainda motivados pelos desastres naturais, como as enchentes que aconteceram este ano no Brasil, vitimando centenas de pessoas, além de terremotos, maremotos, etc. Tomamos conhecimento através dos noticiários o saldo trágico com dezenas, centenas e às vezes milhares de mortos.
Somos tomados de comoção, quando vemos em nossos televisores um avião em chamas como no desastre da TAM, onde 199 pessoas pereceram diante de nossos olhos estarrecidos.
Depois a indignação dos parentes, autoridades atarantadas prometendo providências, todavia, nenhuma reflexão de caráter filosófico, as religiões tradicionais não possuem respostas e quando indagados tergiversam melancolicamente.
Claro que há uma razão, claro que há um porquê, caso contrário seria imaginarmos a Terra girando cada dia de um modo, ou a lua resolver viajar para gravitar em torno de outro planeta, a semente jogada em solo fértil não projetar-se em direção à luz ou moléculas de hidrogênio e oxigênio em condições normais não transformarem-se em moléculas de água. O caos! A desordem!
Há uma ordem no universo, na química, na física, na biologia, se em algum momento algo foge a regra é porque os homens de ciência ainda não conhecem todas as nuances da questão.
Não seria diferente com o destino humano, não estamos atirados ao acaso, aos acontecimentos fortuitos ou a irresponsabilidade de algum sádico, uma bala nunca é perdida.
Acontece que nossos homens de religião fogem de encarar algo além da matéria, espremidos por filosofias negativistas, presos em suas próprias convenções e mais interessados em erguer templos de pedra e administrarem a religião como se fosse uma empresa, escravos tornaram-se das conveniências do mundo.
Porém o espiritismo, esta luz meridiana que desde 18 de Abril de 1857 com a publicação do “Livro dos Espíritos” organizados por Allan Kardec, vem projetando abundantes jorros de saber, esclarecendo as mais intrincadas perguntas que ao longo dos séculos os filósofos não deram respostas adequadas, vem sobre este tema em pauta, a fatalidade, as grandes tragédias, fornecer adequada e límpida resposta cheia da mais profunda lógica e razão.
Pergunta 851 do livro dos espíritos, “Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?”
“R: A fatalidade existe unicamente pela escolha que o espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhe-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca as provas morais e às tentações, o espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir. Ao vê-lo fraquear um bom espírito pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade.”
Esta magistral resposta dos espíritos reveladores deixa muito clara, somos nós mesmos, que, na espiritualidade (óbvio, assessorados pelos nossos mentores) escolhemos baseados na nossa história pretérita e na necessidade de purgar desatinos outrora cometidos, as mais diferentes provas, entre elas, perecer em algum acidente coletivo.
Visto por está óptica as coisas começam a clarear, não estamos entregues à mão de alguém, que, irresponsavelmente pode nos roubar a vida em um assalto, tudo neste mundo segue uma ordem racional, o acaso não existe! Quando vemos um inocente, nesta vida, amargar, anos em uma penitenciária por crime que não cometeu, não é apenas um erro judiciário que às vezes tardiamente é corrigido, e o mesmo irmão que outrora, escapou das malhas da lei por algum crime que ardilosamente conseguiu ocultar. Aos olhos de Deus nada há de oculto, nossos mínimos gestos estão computados em planilha justíssima que dá a cada um segundo suas obras.
Quando o avião da Gol se precipitou ao solo, levando consigo centenas de vítimas, trazendo consigo dor e lágrimas, com certeza aqueles mesmos irmãos que ali pereceram, levantaram dos destroços em seus corpos imperecíveis, sorrindo, rumo à espiritualidade, pois, no sofrimento, quitaram suas dívidas.
Concluindo nosso modesto estudo vamos transcrever as esclarecedoras informações contidas nos “Quatro Evangelhos” do missionário da fé Jean-Baptiste Roustaing, onde os espíritos prestaram as mais lúcidas informações sobre trágicos acontecimentos.
“Aquele que, ao encarnar, escolheu por provação a morte violenta, precedida das angústias e alternativas que cercam os últimos momentos do náufrago, sujeito a se debater entre a submissão ao Criador, à resignação, o remorso das faltas passadas, a confiança na bondade divina e o pavor, a blasfêmia, a raiva insensata que se apodera de alguns nessa hora terrífica, será levado, pelo seu próprio espírito, a preferir um navio a outro, a se ver urgido por um negócio a embarcar em determinada ocasião, a contar mesmo com um acaso feliz, com a sorte, com sua boa estrela. E partirá porque, durante o desprendimento a que o sono dá lugar, o seu espírito se torna consciente das sérias obrigações que contraiu e toma de novo a resolução de conduzir o corpo à situação em que, unidos, devem ambos terminar suas provas, voltando este à massa comum e libertando-se ele, o espírito, da escravidão corporal e readquirindo a liberdade. A resolução assim retomada e da qual não resta lembrança no estado de vigília deixa no homem a impressão vaga que vem a constituir o que se chama a sua inspiração, a determinante dos seus atos.
Assim como não pode prever o seu naufrágio, também o homem não prevê a hora em que as chamas de um incêndio lhe devorarão a casa, em que será sepultado pelo desabamento da escavação, da mina, pedreira onde trabalhe e os que têm de perecer deste modo perecem. Porquê? Porque, semelhante ao náufrago, escolheram, para terminação da vida terrena, a morte violenta, cercada das angústias e alternativas das daquele e precedida da mesma luta entre a submissão ao Criador, a resignação, o remorso, a confiança na bondade divina e o pavor, a blasfêmia, o desespero.
Como o náufrago, foram levados, pelos seus próprios espíritos a preferir uma habitação à outra em certa ocasião, a preferir, para trabalhar, esta escavação àquela.
Os que tenham de perecer de qualquer desses modos, por haver soado a hora final das suas provas terrenas e por serem de qualquer desses gêneros a provação e a expiação que escolheram, perecem inevitavelmente”.
M.P de Oliveira.(*)
(*) Por honestidade, ao terminar de redigir este artigo veio a mente o nome “Leopoldo”, que, com certeza é o autor do mesmo.
Os textos citados foram extraídos dos “Quatro Evangelhos”, Autor: Jean-Baptiste Roustaing, Edição da FEB – Federação Espírita Brasileira, 5ª Edição, ano 1971.
O Livro dos Espíritos, Autor: Allan Kardec, Edição da FEB – Federação Espírita Brasileira, 77ª edição, ano 1997.
Um comentário:
No caso citado de um erro judiciário e o cumprimento do cerceamento da liberdade de alguém, a engenharia de Deus é perfeita no seu funcionamento, pois entre nós,seres facilmente falíveis, Deus permite que se cumpra sua lei. Conhecedor de nossas imensuráveis falhas, seja no judiciário, na limpeza de uma galeria de águas pluviais, no desleixo dos governantes, na incúria de um piloto de avião, td a nossa imperfeição corrobora para o cumprimento da lei divina, aquele que "adilosamente escapou" um dia de ter cumprido sua provação,inevitavelmente estará registrado em nossa planilha de débitos/créditos e sem a menor dúvida haveremos de passar um dia.
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